segunda-feira, outubro 12

era tempo de faxina

nesses tempos, tem mesmo que se jogar tudo fora. sem dó, sem piedade. o que eu tinha antes já se tornava tão pesado que o chão rachava, as paredes ruíam - meus ombros não suportavam. eu tive que abrir as cortinas, deixar ventos novos entrarem (os daquela primavera já estavam gastos, há tanto guardados. não se podia mais respirar neles), mover as caixas de um lado pro outro, arrastar a poeira pra baixo do tapete (vai ficar lá pra sempre). as teias de aranha, meu bem, eu demorei pra tirar. eu não quis, no começo. mesmo que fossem sujas e tristes, eram a única coisa que ainda me fazia companhia - eu acreditava.
mas, no fim, acabei tirando do mesmo jeito. deixei meu quarto arejado e vazio, pras réstias de sol dançarem sobre ele.
é só o que dança agora.
e por estar finalmente vazia é que encontro-me cheia. cheia de réstias de sol, dos ventos dessa nova primavera, de canções, suspiros e silêncios que eu ainda não conheço, mas que já fazem o ar se agitar.

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