terça-feira, janeiro 26

starman

é sempre você, astronauta.
é sempre você o silêncio, as lágrimas. quase sempre as noites em claro.
por que, não é, querido astronauta?
o por quê de tantos silêncios são os tantos silêncios.
a razão de tanta falta é essa tanta falta que você me faz.
ah, astronauta. você é assim, exatamente tudo o que eu não tenho.
talvez devesse ter, talvez lhe devesse deixar seguir, talvez devesse ligar às três da manhã quando estou pensando em você.
mas aí o meu mundo deixaria de fazer sentido quando essas outras coisas todas começassem a fazer.

domingo, janeiro 17

A sensação

de perda escorre pelas pontas dos meus dedos. Transborda pelos meus cotovelos.
É uma dor mais física do que nunca.
Eu nunca sei o que fazer com ela – não importa quanto tempo passe, eu nunca vou saber.
Cada última vez é sempre definitiva, vai morrendo em mim um pedacinho de você. Eu nunca vou te alcançar, não importa o quanto eu tente, ou se eu tentar ou não. Há tanto tempo comecei a te perder que essa é a única coisa que realmente tenho prática em fazer.
Eu ainda estou atrás das persianas, vendo o carro sair da garagem no meio da noite, sabendo que você não me vê. Eu ainda estou lá, como se ainda tivesse onze anos, afinal de contas, e você continua se afastando. Eu sempre soube que não iria voltar.

O sol está nascendo e eu ainda não estou nesse dia novo que nasce com ele. Ainda estou morrendo ontem. Anteontem. Morrendo a cada dia em que não falo com você. A cada carta que lhe escrevo sabendo que nunca vai ler.

quinta-feira, janeiro 7