domingo, dezembro 27

eu tentei

ser bailarina, por pouco tempo. tentei ser pianista, atriz. tentei fotografia (toda garota passa pela fase da fotografia). tentei escrever, mas os poemas desistiram de mim antes que eu desistisse deles. tentei desenhar.
hoje venho tentando ser arquiteta. não é dificíl, nem muito estimulante.


- assistindo Shine. perseguir sonhos não serve pra gente medíocre.

segunda-feira, dezembro 21

é um gosto doce

o da lembrança.
ao menos dessa, eu quero guardar. quero repassar na minha cabeça como um filme que um dia saberei de cor, até que fique tão gasta e pareça ter sido vivida por outra pessoa que não eu. mas vai continuar tendo esse gosto. doce.

sexta-feira, dezembro 18

minto

eu nunca vou conseguir te perdoar por você não ter me perdoado.

segunda-feira, dezembro 14

eu te perdôo

por todas as coisas que foram ditas. eu juro, por todas elas. perdôo até mesmo que nunca tenha me perdoado.
eu só nunca vou poder perdoar a única coisa que eu não sabia que me importava de verdade e que você, não antes de destroçar, levou embora. - o meu amor-próprio, mande de volta, se puder. eu preciso dele.

sábado, dezembro 5

Hoje apareceu um escorpião no meu banheiro. Estou em Macondo.

quinta-feira, dezembro 3

ela disse

que não sabe para qual das marias que há nela ela escreve. nem com qual, talvez. e eu me li nas suas palavras tomando-as como mais para mim do que para ela.
eu não sei se tenho escrevido para as marias, nem para quantas delas. sei com quais tenho escrevido: com todas. com o fulgor de todas as cores e todos os perfumes que me invadem violentamente todos os dias e me multiplicam em várias. me fazem sentir tudo numa velocidade tão grande que, às vezes, é quase o mesmo que não sentir (é só um raio).
e assim foram esses meses: acordando para luiz, saindo de casa para felipes, thaíses e fernandos, voltando para thiciane, trabalhando para julio, escrevendo para lucas, esperando para eduarda, sorrindo para são jorge, tamborilando para itamar, cantarolando para regina, dormindo para marcos, sonhando para caio, desenhando para joãos,pedros e tarcísios, escolhendo para...
para mim, oras. eu me dei conta.
PARA MIM. é assim que tenho que começar a fazer.
(eu tenho primeiro que aprender, por ora...)

sábado, novembro 28

então eu me dei conta

do quanto gostava de você.
do quanto gostava do jeito como você come biscoito (congelado); das suas histórias e o seu jeito de falar, exatamente igual a mim: sem parar; e do quanto gostava das mangas dobradas da sua camisa - e entendi por quanto tempo eu ainda queria dançar a canção que soava delas.
é um bocado, eu não saberia calcular.

sexta-feira, novembro 20

minto,

não amo as quatro horas da tarde. amo as cinco. amo (com licença para os pieguismos) assistir o sol começando a se pôr no mar de dentro do ônibus, voltando pra casa. amo meu trabalho. amo o coqueiro que fica na praça aqui perto. amo os sorrisos, os silêncios, as risadas e meus amigos que me esperam todos os dias com uma coleção delas .

amo como as coisas dão tão certo depois de tudo dar tão errado - finalmente percebi que, quando tudo está muito fora do lugar, precisa de uma bagunça pra se reajustar. aliás, pra ficar melhor do que nunca foi. amo o quanto minha vida não poderia estar mais diferente e que eu mal podia esperar há não tantos meses atrás. e amo pensar isso toda vez que chego em casa e abro o portão às cinco horas da tarde.

quarta-feira, novembro 18

hoje cabem

receios, abismos e borboletas amarelas.
cabem ligeiras saudades. cabem as coisas que eu mastigo sem dizer. cabem expectativas, dedos, mãos, sorrisos. todos eles.





cabe até mesmo uma estranha sensação de voltar ao passado e não sentir nenhuma falta dele. estranho estranhar assim. daí me cabe apenas sorrir e pensar que a vida dá voltas.

sábado, novembro 14

também quando

não falo tudo o que gostaria, nasce um espaço no meu peito onde não cabem borboletas amarelas.

quarta-feira, novembro 11

se tudo estiver errado

eu inventei um jeito das coisas erradas darem maravilhosamnte certo.
cruzem os dedos por mim.

terça-feira, novembro 10

e se,

no fundo, tudo estiver errado?

segunda-feira, novembro 2

feriadão

doce e pacato. cheio de saudadezinhas que levaram embora todas as minhas certezas e trouxeram de volta uma só. uma certeza que vem carregada de receios, sorrisos e borboletas amarelas.

sábado, outubro 31

por que

então me dominava aquela sensação?
o medo de ser podada, e mesmo a impressão de que alguém pudesse fazê-lo?
só eu sei das borboletas amarelas. só eu sei dos precipícios em que tenho mergulhado. não preciso da aprovação de ninguém pra isso e, até ontem, eu não sabia.


- foi a música alta demais, as risadas ou a impressão de que eu nunca mais conseguiria respirar. talvez tudo junto tenha me causado a epifania.
e então eu sabia exatamente o que eu queria e onde deveria estar - e que era exatamente tudo aquilo que eu já estava fazendo.

quarta-feira, outubro 28

eu já havia passado tempo demais

apenas sentada na borda do abismo.
então me levantei, respirei fundo e me atirei dentro dele.

o que me espera lá embaixo? - mais cobranças do que retornos. mais receios do que certezas. mais expectativas do que promessas.
e por que mergulho? - pelos sorrisos. todos eles.



e, de repente, eu vejo as cores por aí, na rua, outra vez.

terça-feira, outubro 27

Since then,

it's been a book; you read in reverse
So you understand less as the pages turn

domingo, outubro 25

a cada vez

que digo não, mais eu quero dizer sim.

quarta-feira, outubro 21

descobri

que sou uma pessoa assertiva.
e que certas coisas parecem leves, mas te atropelam como um trator.

- alguém anotou a placa do que passou aqui?

domingo, outubro 18

é estranho

e engraçado ao mesmo tempo
ser alguma coisa que, até não muito tempo atrás eu não sabia que era e, ao mesmo tempo, saber que isso era o que eu sempre esperei ser.
é como saber alguma coisa que eu não sabia o tempo todo que sabia que teria de ser.
é estranho o que já fez tão parte de mim me soar estranho. é estranho o que me soava estranho soar tão doce agora.

eu gosto.

segunda-feira, outubro 12

era tempo de faxina

nesses tempos, tem mesmo que se jogar tudo fora. sem dó, sem piedade. o que eu tinha antes já se tornava tão pesado que o chão rachava, as paredes ruíam - meus ombros não suportavam. eu tive que abrir as cortinas, deixar ventos novos entrarem (os daquela primavera já estavam gastos, há tanto guardados. não se podia mais respirar neles), mover as caixas de um lado pro outro, arrastar a poeira pra baixo do tapete (vai ficar lá pra sempre). as teias de aranha, meu bem, eu demorei pra tirar. eu não quis, no começo. mesmo que fossem sujas e tristes, eram a única coisa que ainda me fazia companhia - eu acreditava.
mas, no fim, acabei tirando do mesmo jeito. deixei meu quarto arejado e vazio, pras réstias de sol dançarem sobre ele.
é só o que dança agora.
e por estar finalmente vazia é que encontro-me cheia. cheia de réstias de sol, dos ventos dessa nova primavera, de canções, suspiros e silêncios que eu ainda não conheço, mas que já fazem o ar se agitar.

cecília.

Traze-me um pouco das sombras serenas
que as nuvens transportam por cima do dia!
Um pouco de sombra, apenas,
- vê que nem te peço alegria.


Traze-me um pouco da alvura dos luares
que a noite sustenta no teu coração!
A alvura, apenas, dos ares:
- vê que nem te peço ilusão.


Traze-me um pouco da tua lembrança,
aroma perdido, saudade da flor!
- Vê que nem te digo - esperança!
- Vê que nem sequer sonho - amor!

sábado, outubro 10

eu sinto

vergonha alheia de quem aplaude o filme no cinema.

quinta-feira, outubro 8

me sentei

na borda do precipício e fiquei sacudindo os pés no vazio.
eu não tinha como saber o que havia lá embaixo, o que me esperava adiante. eram só minhas dúvidas, o frio na barriga e as borboletas amarelas.

então sorri: a sensação era maravilhosa.

domingo, outubro 4

Frase del día: Sonríe. Eso es todo.

terça-feira, setembro 29

29.09.09

já é quase outubro, mas Setembro ainda se carrega de força.
ele não vai embora tão cedo: fica pendurado no meu peito até mais ou menos a metade do próximo mês - ou não me deixa nunca.
todas as mudanças que essa época traz, as sensações, tudo isso, querida, são suas lembranças. não foi você que nasceu em Setembro - foi ele que nasceu e passou-se quase todo se preparando pra você. a sua força não poderia vir da dúvida de agosto, muito menos da matemática de outubro. não. o ar tinha que se renovar com a sua voz, as flores, que se pintarem para os seus olhos, o vento que se amornar para não competir com a rebeldia dos seus cabelos, as sombras tinham que se tornar exatas para imitarem seus gestos sem dúvida. E, por último, o sol tinha que mudar de lugar para assistir seu sorriso.
daí, simplesmente por acaso, Setembro trouxe a primavera - apenas, tenho certeza, porque esperava você. e ela nasceu doce na ironia de lhe fazer puro contraste.

eu que, minha querida, morei muito tempo nas suas certezas, nas nossas risadas, hoje coleciono as primaveras. e me guardo em Setembro - Setembro que é todo você.

domingo, setembro 27

.

se você acha que está sob controle, então não está indo depressa o bastante.

quinta-feira, setembro 24

então

eu estava o tempo todo cercada de pessoas maravilhosas e, por algum tempo, ignorei completamente esse fato.
acho que minha sorte finalmente começou a sorrir - ela tem muitos nomes e eu estou começando a adorar todos eles.





- já tenho televisão em casa. desde o dia em que chegou, ainda não lembramos de ligar a belezinha. ufa.

terça-feira, setembro 22

²

eu gosto dos lírios amarelos na minha pequena sala amarela. o perfume que eles fazem inundar na casa é a marca da minha mãe por todos os lados. uma presença doce e amarela, como as risadas e o sorriso dela.

¹

existem pessoas que conseguem ver beleza nos cães sem dono e nas flores sem perfume.
são o tipo que eu sempre apreciei mais, talvez por que, no fundo, eu achasse que elas poderiam ver alguma beleza em mim também. alguma coisa que eu não conseguisse ver.

segunda-feira, setembro 21

minha mãe comprou lírios amarelos pra decorar nossa pequena casa amarela.

então

eu olhei nos seus olhos e não me vi mais dentro deles. e foi como se, sem existir no seu olhar, eu não existisse mais em mim mesma.

domingo, setembro 20

não.

eu não me meço.
se eu pudesse me medir talvez não passasse por todas essas coisas que se baseiam em basicamente não ter noção do meu próprio tamanho.
é estranho se sentir tão pequena e não caber em lugar nenhum.

eu me meço:

hoje sou do tamanho de uma saudade.

domingo, setembro 13

²

o que sinto hoje só seria possível definir num pequeno poema. mas vou me poupar dele. vou me poupar de todas as coisas que eu acreditei e não existem mais. de todas as coisas que eu queria que fossem e não são. de todas as coisas que estavam no lugar errado. (um grande e sábio amigo me disse que primeiro você tem que sacudir a caixa do lego, pra que todas as peças se desencaixem, antes de conseguir montá-lo de novo). e a maria mazoquista-suicida mergulhou bem na fenda negra, no olho do furacão. pra finalmente entender o significado de todas essas coisas.
entendeu, até mesmo, o significado do pequeno poema que a definiria não precisar estar aqui. eu vou encontrá-lo e, quando o fizer, não precisarei mais dele.

.

Eu não venho para nos exaltar, mas para nos enterrar.

- Júlio César. (não meu pai, aquele outro)

quinta-feira, setembro 10

me sinto doente.
é uma sensação esquisita.
doente de tanto vazio - ficou um vácuo e as partículas, os zum-zum-zuns dançam dentro de mim. a chuva entra pelas rachaduras e causa inundação.
a boca está seca. os olhos estão secos. o peito está seco. os braços estão mortos.

segunda-feira, setembro 7

.

A lua tem duas noites de idade diz:

Amor é bicho instruído
Olha: o amor pulou o muro
O amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que escorre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.

Drummond
Visse ? Drummond era sabido. Se não acreditar em mim, acredite nele

domingo, setembro 6

hoje eu sei, com a cabeça clara, que preciso mais das respostas do que de você.
mas o tempo vai se encarregar de preencher - ou, no mínimo, me fazer esquecer - tudo o que você deixou de vazio dentro de mim.
por hoje, não importa, eu acabei de enterrar você.



- ontem, o mundo ficou do lado de fora.

sexta-feira, setembro 4

eu me lembrava de ter pedido a bebida, mas naquele momento não conseguia imaginar por quê. parecia existir uma eternidade entre os poucos minutos atrás em que eu tivera vontade de beber alguma coisa - e talvez por isso tivesse pedido - e aquele momento. uma eternidade em que me lembrava de ter vontade de fazer um milhão de outras coisas e agora havia um intervalo onde eu não tinha vontade de fazer mais nada. uma das coisas que me lembrava, estranhamente, de querer fazer era te ter de novo. até poucos minutos atrás conseguia imaginar-me abraçando-o, pedindo-lhe desculpas e, talvez, até o fizesse sorrir. agora não. agora você estava ali, do outro lado da mesa, e o espaço entre nós era muito maior do que toda a eternidade que separava as emoções dentro de mim - senti que nunca mais conseguiria tocá-lo.
então pensei que a bebida ao menos serviria para que eu tivesse alguma coisa para olhar, para colocar as mãos. porque você, do outro lado da mesa, estava distante demais.
quando eu ainda sabia por que queria as coisas, poucos minutos antes, também tinha a segura sensação de saber com exatidão tudo o que não queria. mas você se sentou do outro lado da mesa e falou, com todas as palavras, que não queria mais. e foi mais ou menos aí que todos os quereres e porquês se embaralharam dentro de mim. nada mais tinha resposta, nem começo, nem fim, da mesma forma que o abismo no meio da mesa - tive a sensação de que se esticasse o braço, nunca terminaria de esticá-lo até alcançar o outro lado.
foi por isso que me protegi com a bebida, sem bebê-la. porque quando terminássemos de beber, seria o fim da conversa. e com o fim da conversa seria o fim de todo o resto - o abismo ia sair do centro da mesa e engolir tudo o que havia sobrado. nunca terminei minha bebida, sem saber que o seu copo já estava vazio desde o início.

quarta-feira, setembro 2

Do amor e outros demônios. diz:
Seu nome é Só Maria Clara Tarrafa ?
m. diz:
não não
tem outro nome
mas não gosto dele
gosto mais de tarrafa, que parece com chaleira e madrugada
Deus é o existirmos e isto não ser tudo.
- f. pessoa